Pulga Cultural

terça-feira, julho 24, 2007

Pulga Também é Cultura! Ao que parece, vamos todos voltar pra Escola, pra aprender à escrever outra vez:


Diário do Pará - Caderno Cidades - 23/07/07

LÍNGUA

A partir do ano que vem, nosso idioma terá uma única versão nos países que o falam
Português será um só no mundo todo
A língua portuguesa vai ganhar uma versão única no mundo inteiro a partir de janeiro de 2008. O governo brasileiro ratificou recentemente o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, criado em 1990, mas nunca implantado devido à falta de ratificação dos oito países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O texto recebeu apenas três alterações no Brasil. A terceira língua mais falada no mundo ocidental vai sofrer pelo menos 40 mudanças. Mas, segundo conta Sílvio Holanda, professor da UFPA, o português de Portugal é que será mais afetado e enfrentará uma natural resistência. “No Brasil, sentiremos mais as mudanças de acentuação”, avalia. Conforme consta no acordo, o português do Brasil terá cerca de 0,45% de sua ortografia alterada. Já em Portugal, as mudanças atingem 1,6% da língua. “Assim, teremos pela primeira vez um português só, internacional, que ajudará na divulgação no idioma”. Apesar das alterações, o acordo prevê que a pronúncia nos países continue a mesma. A reforma, no entanto, depende ainda da assinatura do protocolo por Portugal e Cabo Verde, que já fizeram suas ratificações. Em nota divulgada em seu site, o Ministério de Relações Exteriores solicitou que as embaixadas brasileiras dos referidos países trabalhem para acelerar a aprovação do acordo.
Márcio Baena

Grafia se mantém no vestibular
Os maiores impactos porém atingirão os portugueses, que serão obrigados a escrever como os brasileiros. Várias letras enxugadas no Brasil em 1971 começarão a valer em Portugal. É o caso do uso do “h” antes de “úmido” ou “erva”. Quando houver pronúncias diferentes, será mantida a grafia diferente. Em Portugal, o verbo “acção” perderá um “c” e passará a ser “ação”. Porém, “facto”, dos portugueses, e “fato”, dos brasileiros, vão continuar inalterados. “É importante aguardar que haja uma definição oficial dos países com língua portuguesa. Precisamos de uma longa fase de adaptação. Só assim que depois se poderá cobrar estas mudanças no vestibular, por exemplo”, opinou o professor Caxinauá, de redação e língua portuguesa, que possui hoje mais de três mil alunos. “É possível começar a avisar sobre a mudança, mas é importante esperar a oficialização do acordo. Então, para o próximo vestibular, a atual grafia se mantém”. O protocolo fez as editoras começarem a pensar nos ganhos que vão ter. “Por menor que seja a mudança, todos os dicionários e títulos didáticos, por exemplo, vão ter que ser ratificados. Serão milhões de reedições. O ano de 2008 será muito bom para as editoras e para os revisores”, disse Armando Alves Filho, da editora Paka Tatu. Daniela Brandão, estudante do curso de Letras da UFPA, se surpreendeu com as alterações, mas elogiou a iniciativa. “Vai demorar para as pessoas se adaptarem. Pelos menos, agora teremos uma cara única em todo o mundo”.
No Brasil, serão 40 alterações
O protocolo prevê 40 mudanças no português do Brasil. Uma das primeiras grandes mudanças será no alfabeto, que passará de 23 para 26 letras, incorporando o “k”, “w” e “y”. Praticamente, todas as outras mudanças no português escrito no Brasil serão em relação à acentuação. Com exceção dos nomes próprios, o trema, definitivamente, deixará de existir. Palavras paroxítonas com ditongos abertos “ei” e “oi” terão os acentos agudos eliminados. Por exemplo: “idéia”, “assembléia” e “jibóia” passarão a ser grafadas como ideia, assembleia e jiboia. Cairá em desuso o acento circunflexo em palavras terminadas com o hiato “oo”, como “enjôo” e “vôo”. O mesmo vale para as terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler” e “ver”. A grafia correta será “creem”, “deem”, “leem” e “veem”. A acentuação deixará também de ser usada para diferenciar o verbo “pára” da preposição “para” - acento este que já havia sido abolido na reforma ortográfica brasileira de 1971, mas que persiste até hoje. “É o que acontece com o substantivo ‘gelo’ - até hoje existem pessoas que escrevem com acento, ‘gêlo’. E essas pessoas juram que é o correto”, lembra o professor Holanda.

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